sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Dor

Estamos todos muito tristes, pelo desabamento de 3 prédios no Centro do Rio, na noite de quarta feira, 25 de janeiro.
Não se fala em outra coisa, sentimos um misto de dor e alívio.
Dor, pelo sofrimento de tantas pessoas!
Alívio (até cruel usar essa palavra), porque estamos vivos. Poderia ter acontecido comigo, com um parente, um amigo mais próximo. Trabalhamos no Centro do Rio, circulamos pelas mesmas ruas, almoçamos provavelmente nos mesmos restaurantes, atravessamos o mesmo sinal, presenciamos o mesmo assalto e dessa vez não vimos o bandido sair correndo!
Não tivemos tempo de gritar!
Simplesmente os prédios desabaram... em poucos minutos, tudo virou pó!


Ontem ao chegar em casa, liguei logo a TV para assistir ao Noticiário. Sempre há esperanças e estamos na torcida de um grito, uma mão, um sopro de vida.
Fiquei muito comovida com a imagem de uma mãe a espera de noticias do filho.
Olhar perdido, era um corpo sem alma... a imagem da DOR!
DOR da perda!!
Deus, tinha que criar uma Lei...pais nunca enterram filhos, mas Ele sabe o que faz, afinal Maria enterrou Jesus!
Nesse momento a luz na minha casa acabou e fiquei ali, parada no sofá, no meio da escuridão, com aquele aperto no peito.
Ouvindo o silêncio!
Rezo por essas pessoas, que nunca vi, mas sofrem... e nós somos tão absurdamente egoístas que sentimos mais quando a dor está mais próxima! Talvez tenha sido nosso 11 de Setembro, mas dessa vez quem são os terroristas? Acertaram o alvo? Foi uma fatalidade, destino?!

Dizem que Deus é Brasileiro, e com certeza Carioca!
Ele deve estar de Férias!

Assisti alguns anos atrás um Filme chamado “4 Casamentos e 1 Funeral”... na minha opinião, a melhor parte do Filme é justamente o Funeral.
Quando um Poema maravilhoso é citado.
Em homenagem a “Dor” dessa Mãe, Pai, Marido, Esposa, Filho e Amigo, vou incluí-lo aqui.
E fecho essa semana.
Beijos, fiquem dom Deus!



W. H. AUDEN
BLUES FÚNEBRE (1936)


Parem todos os relógios, desliguem o telefone,

Impeçam o cão de latir com um osso enorme,

Silenciem os pianos e ao som abafado dos tambores

Tragam o caixão, deixem as carpideiras carpir suas dores.

Deixem os aviões aos círculos a gemer no céu

Rabiscando no ar a mensagem Ele Morreu,

Ponham laços crepe nas pombas brancas da nação,

Deixem os sinaleiros usar luvas pretas de algodão.

Ele era o meu Norte, meu Sul, meu Este e Oeste,

Minha semana de trabalho, meu Domingo de festa

Meu meio-dia, meia-noite, minha conversa, minha canção;

Pensei que o amor ia durar para sempre: foi ilusão.

As estrelas já não são precisas: levem-nas uma a uma;

Desmantelem o sol e empacotem a lua;

Despejem o oceano e varram a floresta;

Porque agora já nada de bom me resta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário